segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Mercado espera menos inflação para este ano e alta menor do PIB em 2017

Analistas das instituições financeiras preveem ainda redução maior dos juros no ano que vem, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central.


Economistas do mercado financeiro estimaram menos inflação para este ano e uma expansão mais fraca da economia em 2017.

As expectativas foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e divulgadas nesta segunda-feira (5) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. Mais de cem instituições financeiras foram ouvidas.

A estimativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano recuou de 6,72% para 6,69% na semana passada. Mesmo assim, permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação e bem distante do objetivo central fixado para 2016, que é de inflação de 4,5%.

Para 2017, a previsão do mercado financeiro para a inflação permaneceu estável em 4,93%. O índice está abaixo do teto de 6% para o IPCA, fixado para o ano que vem, mas ainda acima da meta central de inflação, que é de 4,5%.

O Banco Central tem informado que buscará "circunscrever" o IPCA aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016, ou seja, trazer a taxa para até 6,5%, e também fazer convergir a inflação para a meta central de 4,5% em 2017.

Produto Interno Bruto

Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016, o mercado financeiro prevê uma retração menor da atividade. Os economistas estimam agora um encolhimento de 3,43%. Na pesquisa anterior, feita na semana retrasada, a previsão era de queda de 3,49%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

Essa será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de retração no nível de atividade da economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948. No ano passado, o recuo foi de 3,8%, o maior em 25 anos.

Para 2017, porém, os economistas das instituições financeiras baixaram a previsão de alta do PIB - que passou de 0,98% para 0,80%, informou o BC.

Recentemente, o governo estimou um tombo de 3,5% para o PIB deste ano e uma expansão de 1% para o nível de atividade econômica em 2017.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB recuou 0,8% no terceiro trimestre, em relação aos três meses anteriores. É a sétima retração seguida nessa base de comparação - a mais longa de toda a série histórica do indicador, que teve início em 1996.

Taxa de juros

O mercado financeiro baixou, na última semama, sua previsão para a taxa básica da economia, a Selic, de 10,75% para 10,50% ao ano no fechamento de 2017 - o que pressupõe um corte maior de juros no ano que vem. Atualmente, os juros estão em 13,75% ao ano.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços. Quando julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, o BC pode baixar os juros.

Câmbio, balança e investimentos

Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2016 ficou estável em R$ 3,35. Para o fechamento de 2017, a previsão dos economistas para o dólar avançou de R$ 3,40 para R$ 3,45.

A projeção do relatório Focus para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2016 permaneceu em US$ 47 bilhões de resultado positivo. Para o próximo ano, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit subiu de US$ 44 bilhões para US$ 44,5 bilhões.

A projeção do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2016 permaneceu inalterada, em US$ 65 bilhões. Para 2017, a estimativa dos analistas permaneceu estável, em US$ 70 bilhões.



Por Alexandro Martello, G1, Brasília

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