terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Donisete entregará Paço a Atila com PPPs assinadas

Atual prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT) entregará o comando do Paço, no dia 1º de janeiro, ao hoje deputado estadual Atila Jacomussi (PSB), mas antes concretizará a privatização de dois dos principais serviços da administração: o fornecimento de água e a gerência da iluminação pública.

O processo de concorrência das duas PPPs (Parcerias Público-Privadas), da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) e da iluminação, já foram encerrados e só aguardam assinatura da ordem de serviço para que o controle de ambas as operações passem para as mãos da iniciativa privada. No caso do fornecimento de água, depois de longo impasse, a Odebrecht Ambiental passará a ter controle total do sistema – a empresa já era responsável pelo saneamento (leia mais abaixo). Em 2013, Atila foi superintendente da Sama.

Na PPP da iluminação, o então secretário de Finanças, Alessandro Baumgartner, homologou em setembro contrato com o Consórcio Mauá Luz, formado pelas empresas Brasiluz Eletrificação e Eletrônica Ltda, FM Rodrigues & Cia Ltda e Conasa (Companhia Nacional de Saneamento S.A). A parceria prevê investimento de R$ 382,8 milhões no setor ao longo de 35 anos. Em documento público assinado por Donisete no dia 16 de outubro, o petista justifica a concessão porque o município não oferta serviço de qualidade “em virtude da ausência de recursos orçamentários para a execução dos necessários projetos de infraestrutura e de modernização de equipamentos nessa área” e que na PPP foi escolhida a “modelagem mais vantajosa”. Criado justamente para gerar receita para melhorias desse setor, o imposto da CIP (Contribuição de Iluminação Pública) já gerou R$ 13,74 milhões de lucro para os cofres desde janeiro. “(Os reajustes de impostos municipais) Não cessam a obrigação da administração municipal de prover aos cidadãos infraestruturas e os serviços públicos necessários ao pleno exercício da cidadania”, argumenta o governo.

No dia 1º, a gestão Donisete publicou o aumento de 8,5% da CIP a partir de 2017. O reajuste tomou como referência a reposição da inflação do INPC (índice Nacional de Preços ao Consumidor), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

TRANSIÇÃO

O grupo indicado por Atila para participar da transição questionou o governo Donisete sobre a possibilidade de suspender o andamento das PPPs, argumentando tratarem de temas complexos da administração e que gerarão impactos para a próxima gestão. O atual governo, porém, descartou o pedido. O Diário apurou que, por conta do andamento das concorrências, tanto a PPP da Iluminação quando a da Sama já são irreversíveis.

Sama e Odebrecht já realizam transição de serviços

A entrega da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) à Odebrecht Ambiental já está em fase final. O Diário apurou que a empresa assume definitivamente a distribuição de água no município assim que a autarquia emitir ordem de serviço. No momento, as empresas dão encaminhamento à transição dos serviços.

Informações extraoficiais dão conta de que o prefeito assinará esse documento na segunda-feira. Uma vez rubricado, o controle da distribuição passa definitivamente para as mãos da Odebrecht Ambiental.

A empresa, que já gerencia os serviços de saneamento em Mauá, foi adjudicada ainda em março pelo prefeito Donisete Braga (PT). Durante o processo de concorrência, a companhia foi a única a se interessar pela parceria.

Com investimentos na ordem de R$ 150 milhões, a PPP da Sama foi a alternativa criada pelo governo Donisete para findar com problemas na prestação do serviço de entrega da água à população – o sistema é arcaico e resulta em frequentes perdas de água.

Durante o mandato do petista, porém, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) conseguiu barrar por diversas vezes o andamento da PPP, alegando que a parceria impediria o município arcar com a dívida de R$ 1,8 bilhão que tem com a companhia. O débito refere-se à quebra unilateral do contrato com a empresa estadual na época em que o serviço foi municipalizado, na década de 1990, e à diferença do valor pago do metro cúbico de água.

No ano passado, o Diário revelou que a Prefeitura chegou a pagar 1,23% do total da fatura de água comprada da Sabesp – o Paço discorda da dívida e questiona o valor na Justiça.

Em fevereiro, Donisete ofertou devolver à Sabesp o controle do abastecimento de água desde que o convênio amortizasse a dívida com a empresa e ainda estabelecesse investimento no setor. A companhia paulista, porém, rejeitou a proposta alegando que as condições não foram “consideradas viáveis financeiramente”.

Responsável pelas PPPs, o secretário de Governo, Edílson de Paula (PT), não foi encontrado para comentar o assunto. 



Extraído do Diário do Grande ABC - Junior Carvalho

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