Presidente do STF disse que a sociedade brasileira passa por uma 'encruzilhada' e que o papel da Justiça é 'pacificar'.
A
presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, pediu união
aos juízes do país ao abrir nesta segunda-feira (5) o 10º Encontro
Nacional do Poder Judiciário, em Brasília. O evento tem como
objetivo traçar metas dos tribunais para o ano que vem,
principalmente para melhorar o agilidade nas decisões.
“Tenho
convicção que será um encontro para a união, porque temos
encontros comuns, mas deveres comuns, num momento de extrema
dificuldade. Há enorme intolerância com a falta de eficiência do
poder público, o que nos leva a pensar em soluções para que a
sociedade não desacredite no Estado. O Estado tem sido nossa única
opção. Ou é a democracia ou a guerra. E o papel da Justiça é
pacificar”, afirmou Cármen Lúcia.
A fala da
ministra ocorre em um momento em que entidades representativas de
juízes e do Ministério Público criticam
medidas em discussão no Congresso, interpretadas por esses
organismos como tentativa de cerceamento o trabalho de magistrados e
promotores. Os principais alvo das críticas são o pacote de medidas
anticorrupção, proposto pelo Ministério Público e alterado em
diversos pontos pela Câmara, e o projeto de lei que pune o abuso de
autoridade.
No discurso,
Cármen Lúcia disse que a sociedade brasileira passa por um momento
de “encruzilhada”. A ministra afirmou que, se deixar de acreditar
nas instituições, a sociedade pode optar por uma "vingança".
“Ou a sociedade
acredita numa ideia de Justiça que vai ser atendida por uma
estrutura estatal e partimos para um marco civilizatório específico,
ou a sociedade deixa de acreditar nas instituições e por isso mesmo
opta pela vingança”, afirmou.
Ao final de sua
fala, a ministra citou o poeta maranhense Ferreira Gullar, morto
neste domingo (4) no Rio, aos 86 anos. Ela relembrou uma reflexão de
Gullar sobre a falta de justiça na sociedade.
“Somos todos
iguais, não porque seja o mesmo o sangue que no corpo levamos. O que
é mesmo é a forma o derramamos. Temos derramado sangue pela vida
afora por falta de justiça para todos os brasileiros e para todos os
seres humanos no mundo. Espero que nós, com os nossos compromissos
constitucionais, sejamos capazes de fazer estancar essa sangria e
sermos capazes de propiciar ou pelos menos de ajudar a pensar um
Brasil melhor e mais justo concretamente para todos e cada um dos
brasileiros”, disse a ministra.
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