segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Cármen Lúcia pede união de juízes em abertura de encontro do Judiciário

Presidente do STF disse que a sociedade brasileira passa por uma 'encruzilhada' e que o papel da Justiça é 'pacificar'.

A presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, pediu união aos juízes do país ao abrir nesta segunda-feira (5) o 10º Encontro Nacional do Poder Judiciário, em Brasília. O evento tem como objetivo traçar metas dos tribunais para o ano que vem, principalmente para melhorar o agilidade nas decisões.
“Tenho convicção que será um encontro para a união, porque temos encontros comuns, mas deveres comuns, num momento de extrema dificuldade. Há enorme intolerância com a falta de eficiência do poder público, o que nos leva a pensar em soluções para que a sociedade não desacredite no Estado. O Estado tem sido nossa única opção. Ou é a democracia ou a guerra. E o papel da Justiça é pacificar”, afirmou Cármen Lúcia.
A fala da ministra ocorre em um momento em que entidades representativas de juízes e do Ministério Público criticam medidas em discussão no Congresso, interpretadas por esses organismos como tentativa de cerceamento o trabalho de magistrados e promotores. Os principais alvo das críticas são o pacote de medidas anticorrupção, proposto pelo Ministério Público e alterado em diversos pontos pela Câmara, e o projeto de lei que pune o abuso de autoridade.
No discurso, Cármen Lúcia disse que a sociedade brasileira passa por um momento de “encruzilhada”. A ministra afirmou que, se deixar de acreditar nas instituições, a sociedade pode optar por uma "vingança".
“Ou a sociedade acredita numa ideia de Justiça que vai ser atendida por uma estrutura estatal e partimos para um marco civilizatório específico, ou a sociedade deixa de acreditar nas instituições e por isso mesmo opta pela vingança”, afirmou.
Ao final de sua fala, a ministra citou o poeta maranhense Ferreira Gullar, morto neste domingo (4) no Rio, aos 86 anos. Ela relembrou uma reflexão de Gullar sobre a falta de justiça na sociedade.
“Somos todos iguais, não porque seja o mesmo o sangue que no corpo levamos. O que é mesmo é a forma o derramamos. Temos derramado sangue pela vida afora por falta de justiça para todos os brasileiros e para todos os seres humanos no mundo. Espero que nós, com os nossos compromissos constitucionais, sejamos capazes de fazer estancar essa sangria e sermos capazes de propiciar ou pelos menos de ajudar a pensar um Brasil melhor e mais justo concretamente para todos e cada um dos brasileiros”, disse a ministra.


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