quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Câncer Bucal é o quinto que mais atinge homens no Brasil

Para especialista, falta de informação e conscientização na prevenção da doença dificulta o diagnóstico


Já não é de hoje que o câncer de cabeça e pescoço, mais conhecido como câncer de boca, é indicado como o quinto câncer que mais atinge homens no Brasil. Levantamento feito em todo país pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), revelou que em 2014 o número de novos casos aumentou de 9.990 para 11.280. Em mulheres, este índice cai ano após ano.


O câncer bucal costuma atingir a cavidade interior da boca, afetando a mucosa intraoral das bochechas, língua, céu da boca, amídalas e até a região do pescoço, em casos de metástase. Pessoas com idade superior a 40 anos têm maior chance de desenvolver o tumor. Mais comum entre os homens, o vício de fumar cachimbos e cigarros, o consumo de álcool, a má higiene bucal e o uso de próteses dentárias mal ajustadas são outros fatores que podem levar à doença.

“Tabaco e bebidas alcoólicas são responsáveis por 75% de todas as neoplasias da cabeça e pescoço e têm um efeito multiplicativo quando combinados. Outros fatores de risco, como os traumas crônicos causados por dentes ou próteses, fatores ligados a dieta e contaminação pelo HPV possuem um impacto menor”, explica o cirurgião oncológico do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Dr. Ricardo Antunes.

Assim como em outras neoplasias, o quanto antes for diagnosticado, melhores são as chances de cura. Dr. Antunes esclarece que o diagnóstico do câncer oral é feito com facilidade, mas ressalta que a maioria dos pacientes ainda não possuem conhecimentos necessários para tal cuidado. “Apesar da facilidade com que o diagnóstico poderia ser feito na maioria dos casos de câncer na cavidade oral, infelizmente a realidade mostra um atraso no diagnóstico, atribuído à evolução inicial pouco sintomática, à falta de conhecimento dos pacientes sobre a doença, às dificuldades de acesso ao sistema de saúde e ao despreparo dos profissionais. Além disso, o baixo nível socioeconômico está ligado ao aumento nos casos desse tipo de câncer”.

O IPC vem desenvolvendo ao longo dos anos, dentro de sua proposta de atendimento global e multiprofissional, um departamento odontológico, com dentista especializado em estomatologia, permitindo - além da possibilidade do diagnóstico precoce do câncer bucal - um programa educacional completo de alerta e orientação a prevenção, visando sempre o melhor cuidar do paciente oncológico.

Tratamento odontológico e prevenção

Segundo o INCA, a cirurgia e a radioterapia são os tratamentos mais indicados em casos de câncer de boca. Além disso, o acompanhamento odontológico - que é, inclusive, indicado para pacientes com qualquer tipo de câncer admitidos em quimioterapia na instituição – é indispensável no tratamento direto nos casos de tumores na boca, no pescoço e na cabeça.

“Todos os pacientes passam pelo dentista e recebem orientações de possíveis efeitos colaterais do tratamento oncológico na cavidade oral”, explica Dr. Romano Mancusi, dentista e estomatologista do IPC. De acordo com o especialista, as principais alterações causadas são: mucosite oral, xerostomia, carie de radiação, osteorradionecrose e infecções. Todas elas podem ser prevenidas, minimizadas e tratadas com o cirurgião dentista presente na equipe multiprofissional.  “A partir daí, passamos as instruções com foco na prevenção e atenuação desses efeitos. No caso dos pacientes com tumores de cabeça, boca e pescoço, que são os que mais necessitam do tratamento odontológico, o acompanhamento é feito a curto, médio e longo prazo”.

O autoexame na cavidade oral é indicado para todas as pessoas acima de 40 anos e deve ser realizado diariamente, observando as gengivas, bochechas, céu da boca e língua. A melhor forma de se prevenir é evitar hábitos como fumar e beber, além de utilizar protetor solar labial e ir ao dentista periodicamente. Viver de forma saudável, com boa alimentação e a práticas de exercícios físicos são hábitos que possibilitam a prevenção não só desse câncer mas para qualquer outro tipo de neoplasia.

0 comentários:

Postar um comentário