Entre três
destinos Paris, Budapeste e Los Angeles entram na reta final da
disputa para ser cidade olímpica em 2024
Sustentabilidade.
Essa é a palavra-chave das três cidades candidatas a sediar os
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2024. Em Doha, no Catar, no dia
15 de novembro, Paris, Budapeste e Los Angeles apresentaram pela
primeira vez as suas candidaturas ao Comitê Olímpico Internacional.
Uma nova apresentação, mais aprofundada, será feita em 3 de
fevereiro e a decisão sairá em 13 de setembro de 2017, em Lima, no
Peru. Ou seja, nos próximos dez meses, cabe a cada uma delas provar
que é a melhor opção para suceder o Rio de Janeiro e Tóquio, que
sediará os Jogos de 2020. Sem desperdícios de recursos e com
sustentabilidade financeira e ambiental, como defende o COI.
Fundada no Século
III, Paris já sediou as Olimpíadas em 1900 e 1924. Exatos cem anos
depois da última, espera ter a chance de sediar sua terceira edição
dos Jogos Olímpicos. Com 2,3 milhões de habitantes na cidade e mais
de 12 milhões na região metropolitana, a imagem cosmopolita é o
grande argumento da capital francesa, que pretende realizar as
Olimpíadas em um espaço compacto, concentrado em torno do rio Sena,
para facilitar o transporte. A maioria das sedes esportivas propostas
já está construída e algumas seriam temporárias. Como a do vôlei
de praia e da bocha paraolímpica, que seriam disputadas numa quadra
no campo de Marte, próximo à Torre Eiffel. Já as provas de vela
seriam disputadas em Marselha. Em Doha, os “garotos-propaganda”
da candidatura parisiense eram o judoca tricampeão olímpico Teddy
Riner, o esgrimista bicampeão olímpico Aron Szilagyi e a
mesatenista paraolímpica Zsofia Arloy. “Paris dividirá os Jogos
Olímpicos com todos”, valorizou Rinner. Um dos países ocidentais
mais atingidos por atentados ligados ao islamismo radical, a França
aposta no “know how” em combate ao terror para se diferenciar da
concorrência. O slogan “A força de um sonho” reforça a
capacidade de resistir às adversidades.
“A alternativa
real”. Esse é o provocativo slogan de Budapeste, a menor, a mais
nova e a única das candidatas aos Jogos de 2024 que jamais sediou as
Olimpíadas. Criada em 1873 com a fusão das cidades de Buda e Peste,
respectivamente nas margens direita e esquerda do rio Danúbio, a
capital da Hungria tem 1,8 milhão de habitantes, com 3,2 milhões de
habitantes na região metropolitana. Bem menos conhecida que as
concorrentes, Budapeste pretende se apresentar ao mundo todo através
do evento. “Uma cidade mediana pode ser mais acolhedora. Olimpíadas
não são apenas para grandes cidades. Budapeste celebraria a
inclusão e o sentimento universal”, valoriza o presidente do
comité de candidatura de Budapeste, Balazs Furjes. O jardim do
castelo Bazaar, conjunto histórico do Século XIX que é Patrimônio
Mundial da Unesco, seria palco das provas de ciclismo de estrada. E a
pista de patinação no gelo do Parque da Cidade viraria a quadra de
vôlei de praia. A proposta é que o Danúbio seja transformado em
uma “pista azul olímpica” para levar atletas e funcionários
entre os locais dos eventos – com o transporte fluvial, os
organizadores esperam evitar o engarrafamentos. As cerimônias de
abertura e encerramento seriam no Estádio Ferenc Puskas.
Com seus 4
milhões de habitantes na cidade e 13 milhões na região
metropolitana, Los Angeles é “experiente” em Olimpíadas – já
sediou as edições de 1932 e 1984. Assumiu a candidatura olímpica
norte-americana em julho de 2015, após Boston se retirar da disputa.
Para 2024, o slogan é “Siga o Sol” e a aposta para vencer essa
parada é no incontestável talento norteamericano para o “show
business”. A ideia é oferecer esportes e entretenimento no mesmo
local. Fundada em 1781, a cidade californiana já tem todas as
edificações olímpicas construídas, inclusive a Vila Olímpica,
que seria na Universidade da Califórnia (UCLA). Long Beach deverá
sediar a vela, o pólo aquático e o ciclismo BMX. Já Hollywood
Boulevard, onde fica a famosa Calçada da Fama, faria parte do
circuito do ciclismo de estrada. No evento em Doha, a surpreendente
eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos
serviu para que fosse questionado o apoio do governo federal
norte-americano à candidatura. “Não duvidem de nós”, alfinetou
Allyson Felix. nascida em Los Angeles, apoiadora da candidatura e
única mulher detentora de seis ouros olímpicos no atletismo – nos
Jogos de Pequim, Londres e Rio de Janeiro. Segundo analistas, a
“Cidade Luz” leva ligeira vantagem sobre a “Cidade dos Anjos”.
Budapeste se posiciona, por enquanto, como uma “zebra”. Na hora
da decisão final, se uma das cidades europeias sair da disputa, é
provável que seus apoiadores no COI se inclinem pela outra, pelas
facilidades logísticas. Mas, até setembro de 2017, muita coisa pode
acontecer.
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por Luiz Humberto
Monteiro Pereira humberto@esportedefato.com.br
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