quinta-feira, 24 de novembro de 2016

5 romances distópicos essenciais, segundo o autor de 'Laranja Mecânica'


Ofuturo é sombrio. Pelo menos, é assim que os escritores de distopias enxergam o mundo: um lugar pós-apocalíptico no qual a pressão é a ordem — o contrário da utopia. O escritor britânico Anthony Burgess, autor do clássico Laranja Mecânica (adaptado para o cinema pelo não menos genial Stanley Kubrick) sabe bem disso.
No livro 99 Novels, Burgess fez uma seleção com as principais obras distópicas que o influenciaram e comentou cada uma delas. Leia um trecho dos comentários abaixo ou o original (em inglês) aqui:
Os Nus e os Mortos, Norman Mailer
"O espírito de revolta entre os homens é incitado por um acidente: os soldados tropeçam em um ninho de abelhas e fogem, deixando as armas e os equipamentos — os nus deixam os mortos para trás. Um impulso pode conter a semente da escolha humana: ainda não nos tornamos inteiramente máquinas.
pessimismo de Mailer ainda viria mais tarde — em Parque dos CervosBarbary Shore e Um Sonho Americano — mas aqui, com os homens se permitindo a optar pelo suicídio coletivo da guerra, há uma visão animadora da esperança. É um livro surpreendentemente maduro para um autor de 25 anos [foi o primeiro romance do escritor]. Continua sendo o melhor de Norman Mailer, e, certamente, o melhor romance de guerra dos Estados Unidos."
1984, George Orwell
"É uma das distopias (ou cacotopias) que mudaram nossa forma de pensar. É possível dizer que o futuro horripilante previsto por Orwell não surgiu apenas porque ele predisse: nós fomos avisados a tempo. Por outro lado, é possível pensar neste romance menos como uma profecia do que como uma obra cômica que junta duas coisas diferentes — uma imagem de como era a Inglaterra nos pós-guerra, uma terra de tristeza e escassez, e a bizarra e impossível noção de intelectuais britânicos tomando o governo do pais."
Justiça Facial, L.P Hartley
"A Inglaterra acaba de emergir da 3º Guerra Mundial. Há ataques nucleares e a sociedade começa a ressurgir de esconderijos em cavernas. O novo estado está aflito com um senso profundo de culpa, e cada um de seus cidadãos recebem um nome em homenagem a um assassino. Por isso, a heroina da obra foi batizada como Jael 97. Uma tentativa de formular uma nova moralidade resulta na proibição da inveja e do impulso competitivo. Não devem existir pessoas excepcionalmente bonitas (...). Por carecer dos horrores esperadas da ficção cacotopiana, é menos apreciado do que 1984."
A Ilha, Aldous Huxley
"Ninguém é condicionado cientificamente a ser feliz: este novo mundo é realmente admirável. O lugar aprendeu uma grande lição filosófica e das religiões orientais, mas está preparado para pegar o melhor da ciência, da tecnologia e da arte ocidental. As população é composta por um tipo de raça eurasiana ideal, equipada com corpos esbeltos e cérebros "huxelianos", e eles leram todos os livros que Huxley leu.
Parece um jogo intelectual, um sonho sem esperança em um mundo em fuga, mas Huxley é realista o suficiente para saber que há lugar para o otimismo. Na verdade, nenhum professor pode ser pessimista, e Huxley é essencialmente um professor. Em A Ilha, a vida boa é eventualmente destruída por um brutal, estúpido e materialista rajá que quer explorar os rucursos minerais do ambiente."
Riddley Walker, Russell Hoban
"Inglaterra… Depois da guerra nuclear, o país está tentando organizar uma cultura tribal após a destruição total da civilização industrial centralizada. O passado foi esquecido, e até o dom de fazer fogo precisa ser reaprendido. O romance é essencial não só por conta da sua linguagem, mas também pela presença de rituais, mitos e poemas inventados. Hoban construiui um mundo inteiro a partir do zero."

Via Revista Galileu

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