domingo, 27 de novembro de 2016

Como o Spotify "ressuscitou" o rapper Sabotage com inteligência artificial


De certa forma, graças à tecnologia, o rapper Sabotage volta a vida — depois de morrer com quatro tiros em 2003. Isso porque, além de disponibilizar um álbum póstumo, em outubro, o Spotify resolveu surpreender ainda mais os fãs usandointeligência artificial para criar uma música inteiramente nova baseada nas composições do rapper, chamada Neural.


“A comunidade de fãs de rap é muito grande dentro do Spotify”, afirma a diretora de marketing do Spotify para a América Latina, Carol Bacarat. “O Sabotage está sem lançar nada há 13 anos, e mesmo assim ele ainda é um dos artistas mais ouvidos na plataforma. Olhando para esses dados de consumo, a gente identificou a possibilidade de criar algo novo.”
Considerando a complexidade do projeto, o prazo de cerca de três meses foi até curto. E talvez exatamente por isso tenha contato com muitas mãos para ganhar vida. Além da equipe da plataforma de streaming, também foram convocados a família, amigos e antigos produtores que conviveram com o rapper para trabalhar lado a lado com a Inteligência artificial.
Os filhos Wanderson e Tamires dos Santos disponibilizaram todo o legado do pai, commanuscritos e materiais que pudessem ser lidos pelo algoritmo, o qual identificou o padrão de escrita do rapper para, a partir daí, criar novas sentenças.
“O processo que criamos para produzir foi muito em torno de garantir a qualidade do que a máquina estava entendendo do Sabotage”, explica Bacarat. Para isso, os amigos do grupo RZO e do coletivo Instituto, que produziu o álbum póstumo, também foram essenciais.
A diretora de marketing explica que para garantir a fidelidade do que a inteligência artificial criava, foram reunidos em uma sala, além dos filhos, o produtor e amigo Bola, Tejo Damasceno e Rica Amabis, do instituto, Sandrão e o dj Cia, do RZO. A cada 10 segundos uma sentença nova aparecia em uma tela, e os “conselheiros” eram responsáveis por avaliar se aquela frase poderia realmente ter sido dita por Sabotage, em um nível de 1 a 5. Ao mesmo tempo, Helião, também do RZO, recebia as sentenças validadas para poder começar o processo criativo final da letra.
O Spotify não teme que a letra criada por inteligência artificial seja o novo holograma, e está animado com a recepção dos fãs. “A gente identificou que tanto o Sabotage quanto o RZO são artistas que gostam de experimentar, por isso a inovação caiu bem. Muito se falava que o Sabotage já criava coisas muito a frente de seu tempo. Por isso, quando começamos a discutir a ideia, todo mundo falava: ‘Putz, se ele estivesse vivo, seria uma coisa que ele gostaria de fazer”, relata Bacarat.
Apesar de participar do processo, o Spotify garante que os direitos autorais são do grupo RZO e que trata a música como mais uma de seu catálogo, ou seja, ela pode ser distribuída como os artistas quiserem.
Presente em 60 países, esta é a primeira incursão do Spotify na área da inteligência artificial. “É interessante porque, usamos tecnologia brasileira e um artista brasileiro, então também tem esse apelo de ser uma coisa totalmente nacional”, afirma Bacarat, que diz ter contado com a rede neural desenvolvida pela da empresa Kunumi para o projeto.
Como afirma a diretora, o Spotify trabalha para dar esse sentimento local no seu serviço. Isso mostra que tanto o rap de Sabotage quanto a valorização nacional são compromisso. E respeito é pra quem tem. 

Via Revista Galileu


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