segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Coluna “Esporte de Fato”: Radicalizar é preciso

Hexacampeão mundial, o catarinense Pedro Barros assume posição na briga da CBSk com a CBHP pelo comando do skate olímpico brasileiro

Foto A: Marv Watson / Red Bull Content Pool e Foto B: Andy Green / Red Bull Content Pool
A guerra sobre rodinhas está declarada. Desde que o Comitê Olímpico do Brasil indicou, em dezembro, que a responsabilidade pelo ciclo olímpico brasileiro no skate caberia à Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP), os protestos dos skatistas começaram. Eles defendem que o processo olímpico da modalidade – que estreia nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020 – seja coordenado pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk), que não é reconhecida pelo COB. Aos 21 anos, o hexacampeão mundial de skate Pedro Barros já definiu o que fará caso o skate olímpico brasileiro fique a cargo da CBHP. “Se isso acontecer, não vou às Olimpíadas. Não só eu. Tenho certeza que nenhum dos skatistas que têm chances de ganhar medalhas irá! O skate é uma comunidade e temos uma história a zelar”, avisa o skatista catarinense, que mora em Florianópolis e, em janeiro desse ano, foi indicado para concorrer ao Prêmio Laureus, que é dado anualmente aos melhores do esporte mundial, na categoria melhor atleta de esportes de ação. A entrega do prêmio será no dia 14 de fevereiro, em Mônaco. “O skatista carioca Bob Burnquist ja teve esse título e agora eu estou na disputa de um prêmio que só os melhores do planeta entram. Eu não acho que vou ganhar, mas só de estar lá já está ótimo!”, comemora Pedro. Para reforçar a candidatura, no dia 29 de janeiro, conquistou o tetracampeonato do Oi Bowl Jam, competição internacional realizada no Parque de Madureira, Zona Oeste carioca. Obteve sua melhor pontuação – impressionantes 95 pontos – ao som de “Quero Ver o Oco”, dos Raimundos, que se apresentaram ao vivo durante o evento. “Sempre foi uma banda que me influenciou muito”, vibra o skatista.

Esporte de Fato - O que você pensou quando soube que o COB tinha indicado a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação e não a Confederação Brasileira de Skate como responsável pelo skate brasileiro no próximo ciclo olímpico?
Pedro Barros – Talvez a mesma sensação de você ser criado a vida toda por um pai e uma mãe e, do nada, aparece um casal que tem um registro dizendo que são seus verdadeiros pais e que a partir dali eles irão tomar conta de você! Seria mais ou menos isso! A CBSk cuidou do skate por mais de 20 anos, regulamentou todos os eventos, introduziu a modalidade no Bolsa Atleta, profissionalizou as categorias, abriu as portas em outros países... Enfim, trabalharam todos esses anos para, agora, chegar uma entidade de outro esporte e tomar conta!

Esporte de Fato - Caso essa polêmica seja resolvida e você e todos os grandes skatistas brasileiros possam participar dos Jogos Tóquio 2020, como vê as chances do skate do Brasil?
Pedro Barros – Nós somos o esporte que tem mais condição de trazer medalhas para o país. Em todas as modalidades, o skate brasileiro tem um histórico incrível. Somos os melhores no mundo em termos de competição de skate. São muitos nomes com chances de medalhas. Quero poder representar o Brasil e trazer uma medalha!

Esporte de Fato - Você acompanhou os Jogos Rio 2016?
Pedro Barros – Não. Eu nem quis saber das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Não participaria nem se o skate já estivesse dentro! Tóquio e o Japão têm condições financeiras para sediar as Olimpíadas, mas o Brasil não tem dinheiro nem para educação! Somos trouxas mesmo de ser tão enganados!

Esporte de Fato - Você é hexacampeão mundial e considerado o melhor do mundo na modalidade Bowl/Park. Como está a imagem do skate brasileiro no mundo?
Pedro Barros – O skate brasileiro já é respeitado lá fora faz tempo. É aqui no Brasil que precisamos ser mais respeitados! Somos o segundo esporte mais praticado no Brasil, nos Estados Unidos e em vários países! Nos Estados Unidos, o skate é tratado por todas as grandes mídias com mérito. Aqui no Brasil, ainda esbarra na nossa cultura ultrapassada... Para isso, as Olimpíadas de Tóquio podem ate ajudar, mas primeiramente o brasileiro tem que parar de olhar só para o futebol e entender que estamos em outra era.

Esporte de Fato - Como anda a profissionalização do skate no Brasil?
Pedro Barros – A CBSk faz bem esse papel. Temos reconhecimento até do Bolsa Atleta, que é um incentivo federal. Conforme evoluem no esporte, os skatistas brasileiros vão conseguindo seus patrocinadores. Os meus são Red Bull, Volcom, G Shock, Cup Noodle, Evoke, Vans, Lay Back Beer, Drop Dead, Alta e a Indy.

Esporte de Fato - Quando se iniciou no skate? Se machucou muito?
Pedro Barros –  Meu pai, André Barros, é skatista e dei meus primeiros passos sobre um skate com três anos de idade. O futebol machuca muito mais que o skate, engana-se quem acha o contrário! O skatista aprende a cair e tem um reflexo apurado, o que previne contusões. Me machuquei ano passado, mas em uma semana já estava competindo! Para mim, o skate ainda tem a mesma essência. Quero chegar lá e me divertir!

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Luiz Humberto Monteiro Pereira
humberto@esportedefato.com.br

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