quinta-feira, 3 de agosto de 2017

A importância da brincadeira no processo de alfabetização

*Por Fabiana dos Santos Evangelista 
    

As crianças aprendem com mais eficiência a partir do momento em que sentem prazer em aprender. 

Dessa forma nós como educadores precisamos refletir e reconhecer a importância das brincadeiras nesse processo de ensino-aprendizagem.

O brincar merece nossa atenção, pois nem todos os métodos de ensino atingem todas as crianças com a mesma eficácia. Cada criança é única e com experiências e dificuldades diferentes e para garantir o sucesso nesse processo e o professor deve utilizar as várias formas de ensino, inclusive as brincadeiras.

O brinquedo e o brincar sempre estiveram presentes na infância independente de posição social, raça, gênero e cultura, e isso nos faz refletir sobre a importância do brincar e do brinquedo no desenvolvimento humano. Eles devem ser vistos como parte integrante da educação, pois melhoram as condições de compreender a sua importância no dia a dia da escola enriquecendo o interesse ao ensino-aprendizagem.

O brincar favorece o aprendizado, pois é brincando que a criança se torna capaz de viver numa sociedade. É um processo educativo muito completo, pois tem influencia no intelecto, no emocional e no corpo da criança. Brincar faz parte da infância e permite a criança o seu desenvolvimento, a busca de saber, de conhecimento e expectativas. Por sua importância as brincadeiras podem e devem ser utilizadas como recursos de aprendizagem e desenvolvimento. É brincando que acontece a aprendizagem na criança, é através das brincadeiras que as crianças conseguem desenvolver a sua capacidade de criar, imaginar e observar.

As experiências através da troca de saberes com outras crianças, com os professores ou com a sua família, são muito importantes, pois quando a criança está brincando ela propõe situações imaginárias facilitando a operação de objetos e situações. Enquanto brinca, seu conhecimento aumenta, pois ela pode fazer de conta que age de maneira adequada ao manipular objetos com os quais o adulto opera e ela ainda não.

A sociedade mudou, e as pessoas mudaram também e vemos que hoje há uma inversão de papéis e valores. Vivemos em uma sociedade de informação e transformação, onde pais não têm mais tanto tempo com os filhos, as brincadeiras perderam espaço em virtude do avanço da tecnologia, mas cabe a nós educadores resgatar esse costume tão importante e que é fonte de desenvolvimento e aprendizagem.

Quando a criança brinca, o brinquedo é um objeto concreto capaz de fazer fluir um mundo imaginário, ela brinca e ao mesmo tempo manipula sua realidade, modificando-a. É uma relação intima de construção e desconstrução do real para a fantasia.

O brincar leva a criança a tornar-se mais flexível e a buscar alternativas de ações, porque, enquanto brinca ela concentra a sua atenção na atividade e não em seus resultados.

Acreditamos então que as brincadeiras oferecem as crianças condições de aprendizagem. 

Acreditamos que elas permeiam todo o processo de ensino /aprendizagem, porém apenas estes momentos não garantem a solução de todas as questões propostas pelos educadores, mas que podemos da mesma forma apresentar conteúdos alternativos de forma que possam ser divertidos e efetivos.

As brincadeiras transformam conteúdos maçantes em atividades interessantes, revelando certas facilidades através de sua aplicação. Para a criança ler e escrever são atividades muito complexas, o brincar traz consigo a dramatização e recreação tornando essas atividades mais prazerosas e de forma motivadora é capaz de criar entusiasmo, euforia e emoção.

O brincar não se faz presente apenas no momento de descontração, está presente também no ato de ler e escrever. As brincadeiras chamam a atenção da criança e contribui na apropriação da leitura e escrita como forma natural, colaborando no desenvolvimento e potencializando a aprendizagem. 

Pensar no brincar como um recurso pedagógico é desenvolver atividades intencionadas e dirigidas favorecendo a aprendizagem significativa, estimulando a construção de conhecimento e despertando habilidades e capacidades cognitivas.

Segundo PIAGET (1986), a criança precisa brincar para crescer, precisa de jogo como forma de equilibração com o mundo e que todo esse desenvolvimento acontece através das práticas lúdicas, específicas para todas as fases da vida humana.

A criança, na idade escolar, sente a necessidade de agrupar-se para jogar, correr, estudar, etc. Nessa fase a criança é fascinada pelos movimentos, sente prazer em competir.

As brincadeiras que mais interessam nesta fase são os jogos de competição individuais. Quando bem direcionadas, essas atividades trazem grandes benefícios que proporcionam saúde física, mental, social e intelectual à criança.

Na alfabetização uma questão importante é a disciplinar, pois quando há interesse pelo que está sendo ensinando, a criança canaliza suas energias para aquilo que está sendo apresentado e faz com que automaticamente a disciplina aconteça.

Se para a criança a escrita é uma atividade complexa, o jogo é um comportamento ativo. Sendo assim, para a criança fazer a transposição entre a língua oral e a escrita, é necessário trabalhar primeiramente o concreto, pois para ela a alfabetização torna-se mais fácil através da brincadeira.

Jogando a criança canaliza e libera energia, transforma realidade, libera fantasias, desperta interesse e curiosidade, e conforme a criança vai jogando, ela constrói e conhece melhor o mundo.

O brinquedo oportuniza o desenvolvimento. Através do brinquedo ela inventa, descobre, experimenta e aprende. Além disso, estimula a autoconfiança, curiosidade e autonomia, proporcionando também o desenvolvimento cognitivo, atenção e concentração.

A Brincadeira é algo natural na infância e está diretamente relacionada com a imaginação, ela simboliza o real. Com ela a criança brinca, se exercita, constrói conhecimentos e valores e socializa.

*Fabiana dos Santos Evangelista, professora no Colégio Renil em Mauá, é Pedagoga e Especialista em Alfabetização e Letramento

1 comentários:

Nesta geração Y principalmente, onde o brincar coletivo está cada vez mais incomum. Que tal "desvirtualizar" e brincar de aprender? Amei o artigo.

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