sexta-feira, 16 de junho de 2017

“Mauá, Muito Além da Família”

Na quarta-feira última, 14, nos salões do Clube de Engenharia no Rio de Janeiro, foi lançado o livro “Mauá, Muito Além da Família”, de autoria da professora Lilian Paes de Carvalho Ramos, tetraneta do visconde Mauá, maior empresário do Brasil Império, que viveu entre 1813 e 1889. Alcelmo Gois, colunista do jornal O Globo, em agosto do ano passado quando foi encerrado o escrito, descreveu: “Com negócios pelos cinco continentes, o visconde foi sócio da empresa de engenharia que construiu o Canal de Suez, no Egito. Uma Odebrecht (antes da Lava-Jato) da época.”

Lilian Paes de Carvalho Ramos - Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1997), graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (1982) e mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (1987). É professora adjunta da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro desde 2006, atuando no Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu. Possui ampla experiência na área de Educação, com ênfase em docência no ensino superior e na pós-graduação, além de gestão educacional. Seu foco principal de interesse e pesquisa é a Formação de Professores, enfocando os seguintes temas: política educacional, formação, trabalho e identidade docentes. Possui livros publicado e organizados, além de vários capítulos, artigos em periódicos e textos apresentados em congressos nacionais e internacionais. Em suas atividades profissionais interagiu com mais de 50 colaboradores em co-autoria de trabalhos científicos e técnicos. Os termos mais frequentes na contextualização de sua produção científica são: política educacional , formação de professores e identidade docente, democratização da educação.
Fonte: Escavador - Informações coletadas do Lattes em 03/05/2017


Artigo de Lilian Ramos

Herdeiros de Mauá

Coisa que pouca gente sabe, Mauá construiu a primeira ferrovia do Japão, em 1868

Houve um brasileiro que impediu a invasão da Amazônia por americanos na segunda metade do século XIX. O fato está contado com emoção e detalhes no livro do francês Jean Soublin, “História da Amazônia”, tradução de Lais Andrade, Biblioteca do Exército, 2003, Rio.
Quando o embaixador Jerônimo Moscardo soube do nosso livro, “Mauá muito além da família”, nos passou a notícia com entusiasmo:

— Não fosse a Companhia de Navegação a Vapor do Rio Amazonas, aquele almirante ianque chegaria lá com milhares de negros do sul dos Estados Unidos. Seu projeto era criar um novo país integrando o sul da América do Norte com o Golfo do México, as ilhas do Caribe, incluindo a Amazônia. Ele não contava com a existência dos navios de Mauá dominando a navegação do maior rio do mundo. Alguns destes navios foram construídos nos seus estaleiros da Ponta da Areia, em Niterói, onde até hoje ali resiste uma importante indústria naval implantada por Mauá naquele tempo.

Navegação e ferrovia eram as principais metas de realização escolhidas pelo banqueiro Mauá, hábil e competente precursor do empreendedorismo brasileiro e com ampla atuação nacional e internacional.
Coisas que pouca gente sabe, Mauá construiu a primeira ferrovia do Japão, em Yokohama, em 1868. O imperador japonês de então o condecorou com a comenda da Ordem do Sol Nascente, numa grande cerimônia de gala. Estradas de ferro, mundo afora, na Tailândia, na Bélgica, na Espanha, na França e em Portugal. Estrada de Ferro Lisboa, a primeira via férrea do país. Na Rússia, ele construiu a Estrada de Ferro Ikolay.

O Canal de Suez (1868) também leva a assinatura dele. Mauá era o acionista majoritário da empresa de engenharia que operou a grande obra. Dois anos depois, o imperador D. Pedro II foi ao Egito para ver, conferir e prestigiar o feito de seu ilustre súdito.

O Banco Mauá teve “agências” em mais de 20 cidades do Brasil e em Montevidéu, Buenos Aires, Nova York e Londres. Entre 1840 e 1880, os negócios de Mauá aconteceram nos cinco continentes. Um belo Mapa Múndi Mauá está sendo desenhado com a devida riqueza de detalhes. É o presente do colega Sérgio Fiori, professor de Geografia, que vamos oferecer a todos os que amam o Brasil, como Mauá amou. O amor ao país nunca vai sair de moda. É a sementinha que deixamos plantada no coração dos nossos alunos.

A quantidade espantosa dos seus feitos sempre teve a parceria de sua mulher, que o acompanhava aqui e nas longas viagens pelo mundo. Tiveram 18 filhos, dos quais 12 sobreviveram e, destes, dez se casaram e fizeram os netos do casal.

Existe uma árvore genealógica, publicada nos anos 1960, que vai até a quarta geração. Somos orgulhosos desta ancestralidade, mas a herança de Mauá não é privilégio de família. Pertence a todos nós, brasileiros.

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